Créditos: Imagem de perfil do Comunica que Muda

Foto por Nathália Oliveira

Mayara Freire é portadora de TAG (transtorno de ansiedade generalizada), artesã e uma das participantes da edição de 2017 do projeto Florescer. Em entrevista para o #ansiedade, ela conta como foi o processo de descoberta do distúrbio ansioso, o que ele representa em sua vida e muito mais!

Quando as crises começaram, Mayara conta que não tinha ideia do que estava acontecendo. O dia em que resolveu procurar ajuda, foi para o hospital e quase teve uma parada respiratória. Foi justamente lá que a terapia foi recomendada, porém, a entrevistada conta que não se sentiu confortável com a situação “ Me achei uma louca. Me senti super ofendida, mas eu quase morri. Então eu precisava buscar saber mais sobre isso”, lembra. Ao encontrar um psiquiatra, passou a saber o que era a doença e como seria o processo de tratamento.

“O tratamento medicamentoso foi complicado no início... Meu corpo nunca havia sentido suas substâncias querendo se reequilibrar. Então tive muitos pensamentos suicidas, tive muita tontura, gaguejava bastante, mas duas semanas depois eu estava bem adaptada. Já o tratamento terapêutico foi bem mais dolorido. Afinal, na terapia você lida com os monstros que existem em você. Tive alta da terapia depois de um ano. Foi um tratamento intenso e eficaz”, diz Mayara.

Foto por Nathália Oliveira

Se por um lado a entrevistada aponta a TAG como o ‘fundo do poço’, por outro, ressalta que foi o motivo de ter buscado ajuda, que é um processo de autoconhecimento, em que você aprende a conviver com a doença e a reconhecer quando uma crise está chegando. Ela ainda revela que parece ser algo simples e que só quem realmente convive ou tem a doença, sabe o ‘inferno’ que é. É necessário se conformar com a medicação e cada cuidado. No entanto, após aprender a conviver, a felicidade se torna algo possível.

Ela ainda fala da importância de saber utilizar a internet com responsabilidade:

“Já tive crises terríveis por ter visto ou lido alguma coisa que desencadeou uma crise. Mas já me senti super aliviada em ler relatos, ver vídeos, ou até mesmo escrever sobre a doença. A partir do momento que vc toma consciência do TAG, você aprende a ser seletivo. Você aprende que qualquer coisa pode prejudicar sua saúde mental, e sua saúde mental passa a ser mais importante que tudo. ”

DICA

Para as pessoas que sentem que tem algo errado e não sabem como procurar ajuda, Mayara Freire aconselha a busca de um psicólogo. “Se você sente que está errado, então alguma coisa tem”. A artesã ainda ressalta que o profissional, se for o caso, pode te ajudar no encaminhamento para outros profissionais e que recomenda terapia para todos, especialmente para que a pessoa passe a lidar melhor consigo mesma. Sem esquecer que também é importante confiar nas pessoas que realmente te amam, independentemente da situação em que você está.

Edição por Nathália Oliveira

A importância das palavras muitas vezes não é observada. O desabafo pode vir por meio delas e no momento em que você conecta uma única palavra com determinada situação ou dilema de sua vida, isso pode dizer muito sobre como você se sente a respeito. Se fosse para atribuir uma palavra ao seu presente, qual palavra você atribuiria?

Caso não tenha, imagina se tivesse algum tipo de transtorno psicológico, qual palavra acha que atribuiria para ele? Muitas das pessoas que foram entrevistadas pelo #ansiedade e que já conversei sobre o assunto, responderam essa pergunta. A conclusão em que é possível se chegar com cada uma das respostas, é que a conscientização é fundamental, não só pela importância de quebrar tabus, mas também para que o acolhimento seja maior em torno desse assunto.

Pode soar repetitivo, mas o poder da informação é capaz de contribuir de uma forma realmente significativa para quem somos e para a realidade ao nosso redor, não é à toa que isso está no sobre do blog. Se propor a conhecer algo, pode abrir portas para outros pontos de vista e cá entre nós, isso vale muito, não é?

Não vou deixar ninguém curioso. Entre as respostas, vi a estranheza, a prisão, o medo e a atenção. Li, com um aperto no peito, o medo e o cansaço. A inutilidade também marcou presença, assim como a estática. Quando o assunto foi a importância da conscientização em torno do transtorno, compreensão e essencial foram fortemente relacionadas. O que isso te diz?

É interessante, entre os transtornos de ansiedade, existem vários tipos, por exemplo, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e a síndrome do pânico. Cada uma dessas formas de transtorno, conta com suas particularidades e atinge cada pessoa de uma maneira, mesmo assim a representação delas para cada um, é tão semelhante. São palavras fortes, que transformam a vida das pessoas.

Os processos de descoberta, aceitação e tratamento podem ser bem complicados, tanto para quem possui, como para quem convive com essa pessoa. Apesar de aqui no #ansiedade esse assunto ser tratado de forma tão aberta, nem sempre é assim, no dia a dia dificilmente as pessoas sabem quem tem algum problema de saúde, seja psicológico ou não. Por essa razão que disseminar informações verdadeiras, conscientizar e trabalhar a empatia, com certeza, fará uma grande diferença alguém.

Redes sociais / Edição por Nathália Oliveira

Dose tripla de entrevista? Vamos falar de redes sociais? SIM! SIM! SIM! Naturalmente, as redes sociais digitais possuem seus aspectos positivos e negativos, que assim como em diversos assuntos, são analisados, estudados a fundo por profissionais de áreas variadas. Nesse contexto, o impacto na saúde psicológica que as redes sociais podem ter é uma questão interessante, afinal, são constantemente utilizadas por grande parte das pessoas. Por isso, o assunto de hoje é esse.

As redes sociais podem agravar o transtorno de ansiedade?

Foto por Nathália Oliveira

Ana Carolina Aguiar, é portadora de transtorno de ansiedade e depressão, ela conta que depois que descobriu ter, muita coisa mudou e abriu os olhos para algo até então desconhecido. No entanto, para a vida dela, o distúrbio representa que é humana, mas pode ser maior. "Tive mudanças de comportamento, tremedeiras e a falta de ar eram coisas que estavam ficando cada vez mais frequentes" lembra, porém, a entrevistada, que ainda está em processo de superação, diz só ter percebido que algo de errado estava acontecendo, quando foi parar no hospital por ter passado por uma crise de ansiedade.


“Nas redes sociais as pessoas falam sobre muitos assuntos, as pessoas hoje em dia são muito ligadas à internet, principalmente os jovens. E tem gente que muitas vezes não tem estrutura emocional para ver certos tipos de coisas. Sem falar que têm as pessoas que usam esse meio para algo negativo. Então interfere sim”, relata quando questionada em torno da interferência que as redes sociais podem ter na saúde psicológica das pessoas.

Imagem de arquivo pessoal

Thaisa Hahnemann é coach de vida e autoestima, atuando hoje em dia como coach de noivas e palestrante. Para a profissional, o principal aspecto que é capaz de agravar o transtorno de ansiedade, é a questão das pessoas se sentirem blindadas e impunes quando estão atrás de uma tela de computador, pois isso faz com que elas percam completamente o filtro que geralmente teriam pessoalmente, ou seja, as críticas, o julgamento, o ódio pelo ódio, ficam mais evidentes.

Ela aponta outra questão que contribui bastante é o chamado efeito manada, “é quando a pessoa coloca ali um comentário ou uma crítica, surgem milhares de outros concordando com aquilo e se sentem legitimados por outra pessoa já ter colocado aquela crítica, como se pensassem ‘outra pessoa já colocou, então vou colocar também’ virando assim uma onda gigantesca de críticas, julgamentos e ódio gratuito”, explica e ainda conclui que são vários aspectos que agravam o transtorno além da vulnerabilidade, como a exposição com a privacidade substancialmente diminuída e a comparação, pela vida perfeita que geralmente as pessoas demonstram ter por meio das redes sociais.

"O jovem olha os amigos sempre em viagens, em festas, em uma vida que parece que não tem nada de ruim. E daí quando ele olha para a vida dele, obviamente tem, assim como a de todo mundo, as dificuldades e obstáculos, ele pensa que está sozinho porque não é possível que todo mundo esteja tão feliz e ele seja o único que está sofrendo" observa.

Como é saudável sempre buscar por mais de um lado, também perguntei para a coach como o consumo de conteúdo e a interação nas redes sociais poderia se tornar mais positivo para os jovens. Ela explica que o controle das redes sociais é bem difícil, mas que seria positivo a conscientização em torno da veracidade e seleção do conteúdo, que tudo o que está sendo postado não representa necessariamente a realidade. Thaisa acredita que uma autodisciplina para controlar melhor o tempo gasto nas redes sociais e escolher melhor os conteúdos a serem consumidos também poderia contribuir com esse cenário.

Imagem de arquivo pessoal

Jéssica Misikami é fundadora do CultivaMente, coach de paixão e propósito. Ela acredita que ocorreu um desenvolvimento muito grande nos últimos anos ao redor do mundo, e nesse cenário, o progresso na velocidade de informações não foi acompanhado pelo nosso cérebro. "Nosso cérebro não se desenvolveu tão rápido quanto o mundo externo" explica, complementando também que o número de informações que recebemos atualmente é muito grande e diferente do que, por exemplo, 10 anos atrás.

Em sua entrevista para  o #ansiedade, além da questão das informações nas redes sociais, falou sobre a incompreensão que as pessoas às vezes têm quando trata-se de transtornos psicológicos. A profissional explica que muitas vezes quem não tem, enxerga como frescura, porque nunca passou por isso e não consegue se colocar no lugar da outra pessoa. No entanto, ela ressalta que até mesmo a própria pessoa portadora do transtorno, certas vezes enfrenta dificuldades para aceitar.

“É possível mudar, precisa ter empatia, compreensão, acolhimento para quem vivencia isso, mas ao mesmo tempo empoderar verdadeiramente, que é realmente buscar a solução, que é possível sim” conclui.

Ela ainda relata um período pessoal em que notou sintomas ansiosos nela mesma e foi preciso enxergar que algo não estava bem. Foi então que percebeu que estava sendo negligente com as ferramentas que utiliza no dia a dia para inteligência emocional e passou a se policiar, alcançando assim uma melhora da situação que estava vivenciando.

Com isso, podemos notar a importância de reconhecer em si mesmo o que está acontecendo, para a partir desse ponto, buscar a melhor solução para o que está enfrentando. Jéssica relata que são diversos aspectos que podem resultar na busca por ajuda, muitas vezes é quando a pessoa percebe a necessidade de remédio ou quando a situação está interferindo em sua vida pessoal e profissional.


É preciso ter cuidado

Sem dúvidas, é um assunto que merece atenção, especialmente quando falamos dos jovens. De acordo com a BBC, uma pesquisa realizada no Reino Unido apontou o Instagram como a rede social mais nociva à saúde mental dessa faixa etária, que conforme as informações publicadas, constituem 90% dos usuários. Na enquete realizada, 1.479 pessoas com idades entre 14 e 24 anos tiveram que avaliar aplicativos populares no que diz respeito a ansiedade, solidão, bullying e depressão.

Capa do livro

Sinopse: Você sofre por antecipação? Acorda cansado? Não tolera trabalhar com pessoas lentas? Tem dores de cabeça ou muscular? Esquece-se das coisas com facilidade? Se você respondeu 'sim' a alguma dessas questões, é bem provável que sofra da Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). Considerada pelo psiquiatra Augusto Cury como o novo mal do século, suplantando a depressão, ela acomete grande parte da população mundial. Neste livro, você entenderá como funciona a mente humana para ser capaz de desacelerar seu pensamento, gerir sua emoção de maneira eficaz e resgatar sua qualidade de vida.

Só pela sinopse dá para entender a razão de eu estar aqui para falar desse livro, não é? Afinal, é uma obra que tem muito a ver com o site, com levantamentos importantes em torno desse, entre outros assuntos que envolvem a saúde psíquica e o comportamento da sociedade. Então, vamos falar sobre o livro?

Sabe quando achamos que algo está demorando demais, conferimos o relógio e vemos que só se passaram 5 minutos? Quando reclamamos de esperar 10 minutos a mais pelo próximo ônibus ou quando o celular trava e já reiniciamos ao invés de esperar voltar a funcionar normalmente? É notório que a sociedade está cada vez mais urgente, a busca por praticidade e rapidez está cada vez maior.

Em seu livro "Ansiedade: Como enfrentar o mal do século", o médico psiquiatra e escritor brasileiro Augusto Cury, fala sobre o que acredita ser o verdadeiro mal do século, a ansiedade originada da Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). O autor explica que excessos fazem mal a saúde psíquica, não apenas no caso de drogas capazes de viciar, como também excesso de informação, uso de celular, preocupação, entre outras questões. Não para por aí, a Teoria da Inteligência Multifocal, janelas de memória, construção de pensamentos, educação, autofluxo, entre muitos outras teses e fenômenos são abordados ao longo do livro.

"Sem perceber, a sociedade moderna – consumista, rápida e estressante – alterou algo que deveria ser inviolável, o ritmo de construção de pensamentos, gerando consequências seriíssimas para a saúde emocional, o prazer de viver, o desenvolvimento da inteligência, a criatividade e a sustentabilidade das relações sociais. Adoecemos coletivamente. Este é um grito de alerta. "

Não se engane, esse livro não é de autoajuda e muito menos focado apenas em profissionais da área de psicologia, são para todos aqueles que possuem interesse no assunto, especialmente na Síndrome do Pensamento Acelerado. O escritor o conduz apresentando diversas teses em uma linguagem simples, levantando questionamentos sobre os caminhos que a sociedade está seguindo. Na obra, como citado anteriormente, a Teoria da Inteligência Multifocal (TIM) também é apresentada, caracterizando o quão complexa pode ser a construção de pensamentos, pois estuda, entre diversos aspectos, a conexão entre os pensamentos conscientes e a natureza do objeto pensado, sendo muito abrangente.

"A TIM estuda dezenas de outras áreas novas do psiquismo, como o fenômeno RAM, o fenômeno da psicoadaptação, o fenômeno do autofluxo, o fenômeno da autochecagem da memória ou gatilho da memória, as janelas da memória, os três tipos de pensamento (essencial, antidialético e dialético), o Eu como gerente dos pensamentos, o Eu como gestor da emoção, o processo de reedição das janelas killer."

É interessante perceber que processos que as pessoas julgam como simples, na verdade envolvem uma grande complexidade e que merecem de fato mais atenção. Nossa mente tem um poder enorme, por isso que conhecer camadas mais profundas dela pode ser tão importante e decisivo para como vivemos.