O transtorno de ansiedade pelos olhos de quem tem

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Foto de arquivo pessoal.

Naturalmente, falar sobre o transtorno de ansiedade, não envolve só a visão de profissionais, é preciso conhecer diferentes ângulos, por essa razão que o #ansiedade faz questão de dar início às postagens com um protagonista desse tipo de distúrbio, Pedro Elias Nunes, que aceitou colocar as cartas na mesa conosco sobre a representação do transtorno para a sua vida e o processo de descoberta. Então, vamos falar sobre isso?

Tudo parece que tá tão distante, tudo passa a ser uma tortura tão grande, o menor dos problemas vira sua causa mortis do dia. E parece que tá tudo errado, você não pertence aquilo, mas 'do lado de fora' tá tudo errado também. Acho que estranheza seria a palavra”, diz o entrevistado ao ser questionado qual palavra atribuiria ao transtorno.

Pedro conta que o início foi um processo muito longo de descoberta, negação e aceitação. Apesar de ainda não estar 100% em paz com seus “demônios”, ele se sente bem melhor a respeito, mostrando que acredita ser um processo muito íntimo, não só de recuperação, como também de mudança.

“Quando eu decidi iniciar o acompanhamento psiquiátrico/psicológico, que já fazem quase dois anos, foi depois de um período de extremo cansaço mental, depressão, frustração e etc. no qual eu decidi dar um basta e cuidar bem de mim. Voltei a morar com meus pais durante uns meses pra tirar um break de tudo, alguns meses depois passei uma temporada trabalhando em Curitiba pra mudar um pouco de ares. Foi nesse momento que decidi que ao voltar pra SP iria dar um reset em tudo”, lembra.

Se pudesse se dar um conselho nesse período, o entrevistado revela que alertaria para buscar tratamento mais cedo, porém, acredita que como era bem relutante, provavelmente ia falar um “foda-se”, mas que apesar de qualquer coisa, foi um processo de autoconhecimento e de certa forma autodestrutivo.

Cá entre nós, certas vezes, encontramos certa incompreensão por parte das pessoas ao redor de quem possui algum tipo de distúrbio psicológico, não é? Há casos e casos, mas o que conta muito nesse contexto, além das pessoas ao redor, é também como a pessoa se sente. No caso de Pedro, existiu apoio e compreensão, porém, algumas relações acabaram sendo alteradas:

“É estranho, a sensação de estar num “ritmo” diferente, de estar descolado e distante de todos, incluindo a si mesmo, com um certo desespero perante tudo acaba transformando relações, por ambos os lados. Então, além do apoio quase que incondicional, houve também várias reações mistas dentro disso.”

Até hoje, Pedro não se dá bem com as redes sociais, confira sua declaração quando questionado a respeito dos aspectos positivos e negativos dessas ferramentas:

“Umas das minhas profissões, Drag Queen, hoje em dia demanda que você seja uma rainha nas interações sociais, e isso é meio difícil pra alguém como eu. Mas não só no perfil da minha personagem, como no meu próprio eu tenho um... não é medo, mas é meio que um bloqueio com a interação per se. Eu imagino que deva ter gente que talvez ache um refúgio na internet. Como um meio de se conectar com pessoas, a chance de comunicar com gente que talvez possa ser um apoio e um guia perante o transtorno, também pode ser uma fonte de gatilhos pra coisas negativas. É, infelizmente, um território sem um mapa correto, o caminho é sempre independente por um lado, que é o que torna as coisas potencialmente nocivas.”



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