Transtorno de ansiedade x Redes sociais

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Redes sociais / Edição por Nathália Oliveira

Dose tripla de entrevista? Vamos falar de redes sociais? SIM! SIM! SIM! Naturalmente, as redes sociais digitais possuem seus aspectos positivos e negativos, que assim como em diversos assuntos, são analisados, estudados a fundo por profissionais de áreas variadas. Nesse contexto, o impacto na saúde psicológica que as redes sociais podem ter é uma questão interessante, afinal, são constantemente utilizadas por grande parte das pessoas. Por isso, o assunto de hoje é esse.

As redes sociais podem agravar o transtorno de ansiedade?


Foto por Nathália Oliveira

Ana Carolina Aguiar, é portadora de transtorno de ansiedade e depressão, ela conta que depois que descobriu ter, muita coisa mudou e abriu os olhos para algo até então desconhecido. No entanto, para a vida dela, o distúrbio representa que é humana, mas pode ser maior. "Tive mudanças de comportamento, tremedeiras e a falta de ar eram coisas que estavam ficando cada vez mais frequentes" lembra, porém, a entrevistada, que ainda está em processo de superação, diz só ter percebido que algo de errado estava acontecendo, quando foi parar no hospital por ter passado por uma crise de ansiedade.


“Nas redes sociais as pessoas falam sobre muitos assuntos, as pessoas hoje em dia são muito ligadas à internet, principalmente os jovens. E tem gente que muitas vezes não tem estrutura emocional para ver certos tipos de coisas. Sem falar que têm as pessoas que usam esse meio para algo negativo. Então interfere sim”, relata quando questionada em torno da interferência que as redes sociais podem ter na saúde psicológica das pessoas.



Imagem de arquivo pessoal
Thaisa Hahnemann é coach de vida e autoestima, atuando hoje em dia como coach de noivas e palestrante. Para a profissional, o principal aspecto que é capaz de agravar o transtorno de ansiedade, é a questão das pessoas se sentirem blindadas e impunes quando estão atrás de uma tela de computador, pois isso faz com que elas percam completamente o filtro que geralmente teriam pessoalmente, ou seja, as críticas, o julgamento, o ódio pelo ódio, ficam mais evidentes.

Ela aponta outra questão que contribui bastante é o chamado efeito manada, “é quando a pessoa coloca ali um comentário ou uma crítica, surgem milhares de outros concordando com aquilo e se sentem legitimados por outra pessoa já ter colocado aquela crítica, como se pensassem ‘outra pessoa já colocou, então vou colocar também’ virando assim uma onda gigantesca de críticas, julgamentos e ódio gratuito”, explica e ainda conclui que são vários aspectos que agravam o transtorno além da vulnerabilidade, como a exposição com a privacidade substancialmente diminuída e a comparação, pela vida perfeita que geralmente as pessoas demonstram ter por meio das redes sociais.

"O jovem olha os amigos sempre em viagens, em festas, em uma vida que parece que não tem nada de ruim. E daí quando ele olha para a vida dele, obviamente tem, assim como a de todo mundo, as dificuldades e obstáculos, ele pensa que está sozinho porque não é possível que todo mundo esteja tão feliz e ele seja o único que está sofrendo" observa.

Como é saudável sempre buscar por mais de um lado, também perguntei para a coach como o consumo de conteúdo e a interação nas redes sociais poderia se tornar mais positivo para os jovens. Ela explica que o controle das redes sociais é bem difícil, mas que seria positivo a conscientização em torno da veracidade e seleção do conteúdo, que tudo o que está sendo postado não representa necessariamente a realidade. Thaisa acredita que uma autodisciplina para controlar melhor o tempo gasto nas redes sociais e escolher melhor os conteúdos a serem consumidos também poderia contribuir com esse cenário.


Imagem de arquivo pessoal
Jéssica Misikami é fundadora do CultivaMente, coach de paixão e propósito. Ela acredita que ocorreu um desenvolvimento muito grande nos últimos anos ao redor do mundo, e nesse cenário, o progresso na velocidade de informações não foi acompanhado pelo nosso cérebro. "Nosso cérebro não se desenvolveu tão rápido quanto o mundo externo" explica, complementando também que o número de informações que recebemos atualmente é muito grande e diferente do que, por exemplo, 10 anos atrás.

Em sua entrevista para  o #ansiedade, além da questão das informações nas redes sociais, falou sobre a incompreensão que as pessoas às vezes têm quando trata-se de transtornos psicológicos. A profissional explica que muitas vezes quem não tem, enxerga como frescura, porque nunca passou por isso e não consegue se colocar no lugar da outra pessoa. No entanto, ela ressalta que até mesmo a própria pessoa portadora do transtorno, certas vezes enfrenta dificuldades para aceitar.

“É possível mudar, precisa ter empatia, compreensão, acolhimento para quem vivencia isso, mas ao mesmo tempo empoderar verdadeiramente, que é realmente buscar a solução, que é possível sim” conclui.

Ela ainda relata um período pessoal em que notou sintomas ansiosos nela mesma e foi preciso enxergar que algo não estava bem. Foi então que percebeu que estava sendo negligente com as ferramentas que utiliza no dia a dia para inteligência emocional e passou a se policiar, alcançando assim uma melhora da situação que estava vivenciando.

Com isso, podemos notar a importância de reconhecer em si mesmo o que está acontecendo, para a partir desse ponto, buscar a melhor solução para o que está enfrentando. Jéssica relata que são diversos aspectos que podem resultar na busca por ajuda, muitas vezes é quando a pessoa percebe a necessidade de remédio ou quando a situação está interferindo em sua vida pessoal e profissional.


É preciso ter cuidado

Sem dúvidas, é um assunto que merece atenção, especialmente quando falamos dos jovens. De acordo com a BBC, uma pesquisa realizada no Reino Unido apontou o Instagram como a rede social mais nociva à saúde mental dessa faixa etária, que conforme as informações publicadas, constituem 90% dos usuários. Na enquete realizada, 1.479 pessoas com idades entre 14 e 24 anos tiveram que avaliar aplicativos populares no que diz respeito a ansiedade, solidão, bullying e depressão.

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